top of page
Buscar
  • Foto do escritorEleandro Fonseca

Carille diz não se arrepender de declarações no Corinthians


Carille diz não se arrepender de fortes declarações no Corinthians e reafirma: "Muitos jogadores ali sentiram demais"

Veja como foi a entrevista exclusiva do ex-técnico do Timão


Ex-técnico do Corinthians, Fábio Carille concedeu entrevista em seu apartamento, em São Paulo, para falar sobre a temporada à frente do Timão.

Entre polêmicas, decepções e aprendizados, o treinador disse não se arrepender por ter subido o tom nas últimas entrevistas como técnico do time.

– Não me arrependo (das entrevistas). Eu sei muito bem o que falei.

Principalmente, dois dias depois do jogo contra o CSA. Eu sei bem o que eu falei e falo com 90% dos jogadores. Quando fez todo esse barulho, eu fiz questão de assistir várias vezes, eu falo de vergonha e parece que é um time que não é treinado. Eu estou falando do meu trabalho. Que parece que não estou dando treinos. Vários jogadores falaram que a imprensa é fogo, a gente assistiu, a gente viu. Depois, outras pessoas que ficaram chateadas depois viram de outra forma, também. Eu sei bem o que eu falei. Foi um aprendizado. Esse momento que eu passei é um momento que você não quer passar nunca, mas que vai passar. Foi o meu primeiro. Isso te caleja para outras situações – ponderou Carille.


No primeiro jogo sem o treinador, o volante Júnior Urso foi um dos jogadores que admitiu a chateação do elenco alvinegro com as declarações do técnico. Antes, o meia Mateus Vital havia se irritado com o técnico por dizer que os garotos do time "sentiram o jogo" em derrota para o Independiente del Valle, na Copa Sul-Americana.

– Depois vi outra entrevista do Urso dizendo que tinha muito respeito por mim. Que era um ponto final. Eu não tenho nada contra ninguém. Meu coração não tem espaço para ter rancor com ninguém. Eu quero correr atrás do meu sucesso, atrás daquilo que me faz bem. Sem mágoas. Sobre Vital, saindo da minha sala e indo para o treino, o Vital passa e fala que deu uma resposta em cima de algo que falaram para ele e depois viu que minha entrevista não tinha sido bem assim. Eu disse que sabia como as coisas funcionam. Já fomos para o campo. Foi uma conversa muito rápido, e o Vital é um menino muito inteligente. Pela ideia e por tudo. Ele é diferente. Foi algo rápido.


"Muitos jogadores sentiram demais"


Carille também fez uma análise do rendimento dos jogadores durante a temporada. Na visão do ex-treinador do Corinthians, muitos sentiram o peso da camisa.


– Trabalhar sob pressão não é fácil e no Corinthians é pressão. Muitos jogadores ali sentiram demais. Jogadores que têm potencial, mas que não acertavam passe de três metros. Muitos jogadores com pouco tempo de Corinthians e que no jogo você percebe erros por insegurança. Erra um passe e já pensa no que vai ler nas redes sociais. Isso é experiência, é conhecer. Se os jogadores que não estão muito bem neste ano seguirem no clube, estarão melhores em 2020. É processo – disse o técnico.


Com planos de voltar a trabalhar em janeiro de 2020, Carille disse ter sondagens, mas ainda não recebeu nenhuma proposta para retornar à beira do gramado.


O técnico tem a ideia de visitar alguns clubes da Europa ainda neste ano, como Manchester City e Arsenal. Abaixo, faz um balanço de sua passagem no Timão.


Confira a entrevista com Fábio Carille:

Fábio Carille: Foi um ano bom, um ano que até poderia ser melhor, mas considero um ano bom porque foi um ano de reconstrução. Chegamos a ter 25 jogadores contratados. Jogadores chegando durante o Campeonato Paulista. Um ano muito legal, de reconstrução e entendimento. Apesar das dificuldades, tivemos o título paulista, que sabemos da importância. No Brasileirão, tivemos uma arrancada depois da Copa América. Ali acho que foi o melhor momento de sequência de jogos do Corinthians. Então saio bastante ciente de como foi o ano.

Tem visto o Corinthians jogar e as mudanças que foram feitas?

– Não. Vi uma parte de dois jogos até agora: Brasil x Argentina (amistoso) e Bahia x Palmeiras (Brasileirão). Procurei ler bastante, tenho falado com muitos profissionais, me preparando para os novos desafios. Futebol me consome, sou um cara que gosta de viver o dia a dia. É hora de limpar, sair, conversar.


O que acha que faltou para ser um grande ano? O que deu errado para o trabalho ter que ser interrompido?


– Resultados. Acho que é até surpreendente ficar no Corinthians oito jogos sem vencer. Resultado conta muito. Mas a relação continua maravilhosa. Falo com 90% do pessoal, entre atletas e funcionários. Tenho contato quase que diário com eles por telefone. Foram quase 11 anos no clube e isso é marcante. Ficar em um empresa que envolve muitas coisas: pressão, crescimento e visibilidade. Tudo continua maravilhoso. Mas no futebol quem manda são os resultados.


Acha que a relação com o elenco e o trabalho estavam saturados?


– Eu estou muito consciente: eu tentei de tudo. Fazer com dois atacantes, fazer o Vagner Love pelo lado, fazer com três por dentro dando mais liberdade ao Pedrinho. Teve momento em que funcionou e outros que não. Eu acho que algo que posso ter errado... É difícil falar que errei, mas, se eu tivesse dado continuidade maior para uma situação de jogo, talvez esse conjunto pudesse melhorar. Mas a resposta não vinha, acabei mudando muito. Não sei se isso foi bom, mas falta de tentar não foi. Tivemos dificuldades ofensivas.





Qual situação de jogo?


– O que mais gostei e em vários momentos deu resultado, independentemente dos nomes, foi ter jogado com três no meio. Ralf, Gabriel, Urso, Sornoza ou Vital e com liberdade para Pedrinho rodar pelo lado direito, ele fazia o Fagner jogar. Isso, para mim, foi o título paulista contra o São Paulo e o primeiro jogo da semifinal com o Santos. Era um jogo nota 8 e outro nota 4. Variávamos muito a qualidade do jogo. Então, se errei, talvez seja não ter dado mais tempo com uma forma de jogar.


Acha que em algum momento pode ficar marcado pelo estilo defensivo? Pensa em mudar?


– O que eu penso do futebol é equilíbrio. Nenhum técnico pode ser ofensivo e nenhum pode ser defensivo. Tem que ter equilíbrio. O Fábio que eu tenho visto marcado em várias reuniões que eu tenho feito é aquele Fábio de 2017/18. O que eu quero é ter o controle do jogo, posse de bola, entrar no campo do adversário com qualidade. Gostei do que aconteceu em 2017, que foi o time que mais trocou passes. Aquele time deu liga, deu conjunto. É isso que vou procurar onde estiver.

Alguns jogadores te decepcionaram e de repente não encaixaram na sua ideia? Talvez o Ramiro...


– O que eu posso falar do Ramiro? Ele fez ótimos jogos no Corinthians. Jogos importantes. Como contra o Racing, os jogos grandes que a gente jogou, ele foi bem. Mas me parece que o torcedor viu o Ramiro como um craque. E ele é um bom jogador. Jogador tático.


– O que ele fez no Grêmio foi o que Romero fez aqui, aberto, dando sustentação. O Ramiro não me decepcionou. Eu é que vi que a cobrança foi exagerada. Quando o time caiu, ele caiu igual. Se você lembrar dos clássicos, jogos finais... Ele fez um bom jogo contra o Flamengo, apesar do resultado. O Ramiro tem 250 jogos com a camisa do Grêmio, campeão da Libertadores... a gente olha esses caras mais cascudos para certos momentos, tanto que coloquei ele no 2 a 2 no Equador. A gente tem que estar atento a tudo e saber que em alguns jogos tem que ter jogadores mais malandros.


Ou o Boselli...


– Sobre Boselli, foi o primeiro jogador que eu pedi a contratação. Falei por telefone, busquei informações, olhei vídeos e quero deixar claro que não é que o Corinthians não quis, mas não conseguiu trazer um cara para completá-lo. Boselli não é um brigador, como Vagner Love. Boselli é um cara mais técnico, de muito poder de finalização na área. Só que a bola precisa chegar. Então, no conjunto do que pensávamos com o Corinthians, iríamos conseguir esse jogadores de profundidade e velocidade para que a bola chegasse mais na área. Então, não foi uma decepção. O conjunto foi prejudicado. Falei com Boselli várias vezes: "lembra dos nomes que falei para virem com você? Eram para te completar". O conjunto não potencializou o que o Boselli tinha de melhor.


Você disse várias vezes que esperava outros reforços, muito mais caros, mas que sabia que eles não viriam. Como ficou a relação com a diretoria?


– Não era o que o Fábio esperava, era o que o Corinthians esperava. Eu sou muito grato ao que o Corinthians fez dentro de sua realidade. Eu sei o quanto eles trabalharam para tentar trazer, mas a verdade é que não deu para brigar no mercado. Essa foi a realidade do Corinthians. Perderam muitas brigas, mas tentaram. Colocaram a cara, mas não deu.


Acha que faltaram jogadores mais malandros, como citou acima?


– Por ser o primeiro ano de um grupo junto, pelo entrosamento e tudo mais, até acho que tinham jogadores cascudos, mas o que faltou mesmo foi um equilíbrio de características sobre o que penso de futebol.





– No futebol, quando está sem bola, tem que participar todo mundo. Eu costumava mostrar vídeos do Cristiano Ronaldo e do Messi. Ele gosta de jogar pelo lado direito porque com o pé esquerdo ele chuta para o gol. Faz o Fagner jogar e tudo mais. Ele é um jogador que tem que crescer muito na questão tática. O Fagner é um cara que precisa de combinação, e o Pedrinho deu isso a ele. Neste ano, eu não tinha ninguém pelo lado direito para ser mais ofensivo. Ele tem potencial para ser um meia centralizado, mas tenho dúvidas se será. Deve ter uns 100 jogos pelo Corinthians, 90 abertos.

Como você ficou durante sua última semana no clube, entre a derrota para o CSA e a goleada para o Flamengo? Como recebeu as críticas do presidente Andrés Sanchez em coletiva?

– A crítica depois do jogo contra o CSA tinha mesmo que ser feita. O time não estava jogando nada na questão técnica e tática. Vontade não faltou. Eu via eles correndo, mas não via conseguindo produzir. Vi de forma muito normal: um presidente que paga, um presidente que é cobrado.







231 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page